Cartas à Queridagem
Recife, 08 de julho de 2021
Simbora, queridagem!
Hoje eu peguei a estrada pro Sertão junto com minha amiga de tanto tempo e codeputada das Juntas e futura presidenta do PSOL em Pernambuco Carol Vergolino. Com essa treta toda de pandemia, já tou sentindo síndrome de abstinência de chão, de poeira e de conversa com minhas amizades que moram BR 232 afora. O roteiro agora é só encanto: Pesqueira, Arcoverde, São José do Egito, Ouricuri e Petrolina na rota. Pelo menos por enquanto. O objetivo também anima. Vamos regar uma Semente pra que o nosso partido possa brotar cada vez mais vivo para além da Região Metropolitana do Recife.
Semente é o nome do grupo que a gente formou pra participar do 7º. Congresso do PSOL e que escreveu coletivamente a Tese 4. Estamos nós, do Movimento Viva PSOL, de mãos dadas com algumas tendências do partido (Insurgência, Subverta, Resistência e LSR) além de um montão de militantes independentes de todo o Estado. A gente tudo sabe que estamos no melhor partido do Brasil. Um partido que só cresce e que não abre mão de defender aquilo que é certo pra a nossas cidades, estados e o nosso país. Mas a gente também entende que esse partido massa tem muito o que melhorar. E pra isso resolvemos arregaçar as mangas. O Congresso está em curso, atualmente com plenárias municipais que seguem até a próxima semana. Depois tem eleições locais, Congresso estadual e, até setembro, o Congresso Nacional que vai definir os rumos do partido pros próximos três anos. Baita desafio e baita oportunidade.
Nesses cinco anos de filiado, já perdi as contas de quantas pessoas encontrei na rua e que me contaram uma história bem parecida. Que se filiaram no PSOL em algum momento, que não se organizaram nas correntes, que não tinham informação sobre atividades do partido, que eventualmente se afastaram (ou nem conseguiram chegar perto) das discussões. Eu brinco que se eu tivesse recebido um real pra cada vez que ouvi isso, já não precisava mais captar recurso para as próximas eleições. É gente demais. É capaz até de você, que está lendo, vendo ou ouvindo esta cartinha seja uma dessas pessoas.
O que a Semente quer pode ser traduzido em quatro princípios: interiorização, participação, planejamento e transparência. A gente sabe que pra que o partido possa crescer e se multiplicar, precisa garantir estrutura e organicidade à turma que milita mais longe da capital. E que isso não dá pra fazer sem que a democracia interna seja cada vez mais radical. Cada pessoa que resolve se filiar no PSOL precisa ter acesso às discussões, receber informes frequentes da direção e sempre a possibilidade de contribuir. Isso independente de estar organizada em tendências internas ou não. A gente precisa de planejamento para seguir de abraços abertos e cada vez conquistando mais espaços. Pra tudo isso, transparência é fundamental. É preciso que cada pessoa filiada em Pernambuco tenha na ponta da língua de onde vem, quanto vem e de que forma é executado o orçamento do nosso partido. O que a gente quer para o Estado, a gente tem que implementar no partido, né não? Isso pra começar a brincadeira.
A gente reconhece a prioridade absoluta que é tirar bolsonaro do poder. Por isso estamos na luta desde o primeiro momento, nas redes, nos parlamentos e nas ruas. E vamos seguir chamando a atenção para os crimes do ladrão de vacinas e buscando a interrupção deste governo seja pelo impeachment, pela cassação da chapa ou por uma renúncia. Não importa: a cada dia que passa no poder, ele mata mais gente. E isso tem que acabar.
Durando até as eleições, das urnas o miliciano não pode passar. Por isso, seguimos defendendo o diálogo constante com outros partidos de esquerda, entendendo que a superação deste governo não pode ser uma volta ao passado, mas um salto para a frente – e para a esquerda. Aqui em Pernambuco, porém, é diferente. Aqui não tem bolsonarismo no poder e o PSB, que nos governa desde 2007, já faz tempo que se acomodou e afastou-se de suas bases populares. É missão do PSOL, portanto, organizar o campo progressista pernambucano para elaborar um ousado plano de governo e defendê-lo nas urnas. Nomes à altura não faltam. A gente é o partido de Dani Portela, de Eugênia Lima, de João Arnaldo. A gente é o partido das Juntas (Carol Vergolino, Robeyoncé Lima, Jô Cavalcanti, Joelma Carla, Kátia Cunha). É o partido de Paulo Rubem, de Lucinha Mota. É o partido deste humilde comunicador-vereador que vos fala, somente pra citar um punhado de pessoas que eu tenho certeza que cumpririam um papel arretado à frente de uma candidatura majoritária ao governo. E tá chegando mais gente que eu tou ligado.
Um partido com tanta qualidade humana precisa muito se organizar para poder receber cada vez mais gente e ocupar cada vez mais espaço. Por isso eu tou tão animado com a campanha da Semente. A cada debate que participo, a cada defesa que faço da nossa Tese 4, cresce a minha convicção de que estamos no caminho certo. A cada papo com a companheirada das correntes que estão conosco, a certeza de que estamos com a turma certa. Plenária atrás de plenária, já dá pra perceber até partes das nossas propostas começarem a aparecer também nas falas de colegas que defendem teses diferentes.
Mais que tudo, a cada vez que ouço Carol falar, me encanto mais pelas possibilidades que temos à frente. Organizar “uma festa boa”, como ela mesma diz, é aliar a vontade de transformar o mundo com a necessidade de ser feliz a cada passo dessa caminhada.
Ivan Moraes, vereador do Recife pelo PSOL