Nos bairros com renda per capita de R$ 1 mil reais, a letalidade cresceu 18 vezes, enquanto nos bairros com renda per capita abaixo de R$ 350,00, a letalidade cresceu 52 vezes desde o início da pandemia. Segundo o boletim epidemiológico oficial do Estado de 14 de junho, dos 1.524 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave, 1.243 (83%) são de bairros em que a maioria da população se declara como preta ou parda.
Em Boa Viagem, de 10 a 25 de maio, os óbitos variaram de 24 para 51 (112%). No mesmo período, no Ibura, os óbitos variaram de 9 para 32 (256%). Esses números foram extraídos da Nota Técnica 4, construída pela equipe de pesquisa e o Coletivo de Negritude do mandato do vereador Ivan Moraes (Psol), do Recife. Com falta de informação sobre identificação racial nos boletins epidemiológicos oficiais, a equipe do mandato cruzou dados sobre o avanço dos casos de SRAG e de óbitos por bairro com o percentual de pessoas negras no universo populacional de cada um desses bairros. A nota, que está disponível no site do vereador, mostra que o número de mortes entre negros já é duas vezes maior do que de brancos.
“Esses são elementos que mostram como o racismo estrutural se reflete numa pandemia. Estamos mostrando, em números, que o Covid-19 não está controlado e que vem atacando, com o dobro de letalidade, a nossa população negra periférica”, aponta Ivan.
Os números apontam a urgência de medidas específicas para essa parcela da população. Também foi do mandato de Ivan Moraes a iniciativa de requerimentos e do Projeto de Lei 79/2020, protocolado para que seja obrigatória a especificidade de raça/cor em todos os boletins epidemiológicos e demais documentos do oficiais que trazem informações sobre o Coronavírus. Após os requerimentos, a Prefeitura do Recife notificou os hospitais, mas os dados ainda não foram divulgados.
Você pode conferir a nota aqui: https://bit.ly/nt04_covidracaecorrecife