Recife, 24 de setembro de 2020,
Salve, queridagem querida,
Enquanto eu escrevo estas mal traçadas, estamos nos preparando para o “guerreou” da campanha eleitoral, que tem seu início neste domingo, dia 27. (no fim da carta tenho um convite pra você!)
Quando alguém me pergunta se eu acho mesmo que isso é possível eu respondo com alegria: É sim, depende muito de você.
A real é que esta campanha vai ser diferentona. Não dá pra juntar gente na rua e as redes sociais já começam a ficar engarrafadas de mensagens que vêm de tudo quanto é canto. Não sei nem como você chegou nessa carta hoje, mas daqui pra a frente, com tanto conteúdo que vai ser patrocinado, com tanta grana que rola nas campanhas mais tradicionais, vai ser um grande desafio fazer chegar conteúdo de qualidade na grande quantidade de pessoas que poderão conhecer a belezura do nosso mandato e optar por votar na gente. Pode se preparar que vai ter notícia falsa, vai ter propaganda irregular, vai ter todo tipo de presepada porque tem uma turma que realmente não dá a mínima para a democracia e que quer tomar ou continuar no poder a todo custo.
Aí você me pergunta mais uma vez: e como é mesmo que eu posso participar de uma vitória eleitoral da nossa turma?
Pois tu lembras do vira-voto, que quase mudou o rumo das eleições nas vésperas do segundo turno em 2018? Quando as pessoas, muitas delas sem nenhum vínculo partidário ou profissional com as campanhas, se arretaram e se dispuseram a conversar tête-à-tête com outras pessoas? Apresentavam a candidatura que defendiam, expunham os riscos de eleger a criatura que hoje ocupa a presidência. Lembra disso? Em vários lugares do país a empreitada deu muito certo e Recife é um deles. Aqui, o primeiro turno deu 43% x 30% para o miliciano. No segundo, virou pra 52,5% pra 47,5% em favor do professor.
Se o disparo ilegal de mensagens falsas de whatsapp teve de fato um papel importante nas últimas eleições, também é verdade que um dos principais fatores que fez com que estas mentiras ‘colassem’ foi o fato de que muitas vezes elas chegavam às pessoas através de pessoas queridas, em quem elas confiavam. Um tio ‘estudado’, uma autoridade religiosa, um sobrinho respeitado por ter conseguido sucesso como empreendedor. Cada vez mais, num mundo de tanto conteúdo sendo distribuído ao mesmo tempo, saber “de quem veio” a mensagem é crucial para quem recebe. Determinada informação pode ser considerada “verdadeira” ou “falsa” a partir da proximidade que gente tem com quem nos envia a mensagem.
Sem muita grana pra gastar, com pouco tempo na televisão e sem topar entrar no jogo sujo das notícias falsas e do discurso de ódio, o principal ativo que as candidaturas militantes, progressistas, contemporâneas (como as nossas) têm são justamente as pessoas que nos conhecem. No nosso caso, é você mesmo ou você mesma.
Você que acompanha o mandato, que conhece algumas de nossas vitórias.
Você que já que se liga na força que a gente dá pra melhorar a vida das pessoas em seus bairros, ou no seu próprio;
Você que reconhece a importância das diversas organizações da sociedade civil e sabe que para elas se manterem na ativa precisam de diversas formas de apoio;.
Você que me conhece mais de perto e sabe que eu continuo o mesmo sonhador de 2016, agora com mais experiência nesse mundo institucional e com mais capacidade de avançar nos nossos objetivos.
Você que percebeu nossa forma de se aliar aos movimentos sociais, entendendo nosso lugar de representante e não de protagonista, respeitando à risca todas as determinações dos coletivos.
Você que testemunhou nossa luta para defender projetos de lei elaborados em diálogo com a sociedade, muitas vezes com sucesso.
Você que participou de algumas de nossas oficinas e conversas sobre orçamento público, acessibilidade, comunicação pública, direito à cidade, política sobre drogas. Ou de nossas dezenas de audiências públicas em que aproximamos a população das decisões do poder executivo.
Você que nem me conhecia, mas me viu prestar contas do mandato nos ônibus do Recife ou me acompanhou numa destas tantas laives quarentenas e viu que o fazer da política pode, sim, ser diferente, leve, alegre e ao mesmo tempo combativo. Radical nas ideias, flexível no diálogo.
E como você pode decidir essa parada? Primeiro de tudo, se dispondo a conversar individualmente com a maior quantidade possível de pessoas. Apresentar a candidatura que você defende (quem sabe a minha?), dizer porque vai votar nela, se colocar à disposição pra mais informações. Eu não tou falando apenas de compartilhar conteúdo nas redes sociais ou no grupo do zap da família (o que também é importante). Tou falando de falar pessoalmente, individualmente, com cada uma das pessoas que você conhece e que podem ser sensibilizadas por um papo com você.
Já pensou se você, a partir do próximo domingo, separa meia horinha por dia do teu tempo pra fazer isso? Pra dar uma olhada nos teus contatos, ver quem mora na tua cidade, de repente dar uma ligadinha pra 5, 10, 20 pessoas nesse tempinho? Ou num dia ensolarado fazer uma caminhada (não esqueça a máscara e o distanciamento social!!!) com o bolso cheio de santinhos pra trocar ideia com a vizinhança? Tem um amigo ou amiga que topa ir junto? Faça disso um programa. Leve um lanche na mochila, evitem se tocar, meta um álcool em gel nas mãos e mostre pra cada pessoa que você tá se protegendo do Covid19, mas também tá fazendo seu papel cidadão de participar da democracia.
Se você mora num prédio, que tal dar a mão ao companheiro ou companheira pra bater de porta em porta e explicar porque a candidatura que você defende é a mais legal pra a nossa cidade? Precisa sair de casa de todo jeito? Cola um adesivo no peito pra todo mundo poder saber em quem você vai votar. Quem sabe isso não quebra o gelo pra uma conversa que vai virar voto?
Certamente algumas dessas conversas podem ser chatas, podem te desanimar. Mas eu garanto, com a experiência de quem vai botar a cara no santinho pela terceira vez, que os papos que alimentam são muito mais frequentes do que nos morgam. Se alguém te tratar mal, faz de conta que não ouviu e segue em frente. Não vale a pena bater boca com gente mal intencionada. Mais uma vez, confie em mim: a maioria das pessoas não está. Se quando você for conversar, te disserem que já vão votar em alguém da mesma turma ou do mesmo partido, não insista. A gente precisa de mais gente ‘nossa’ no poder e cada voto ‘pro nosso lado’ tá valendo demais. Nada de achar que a gente, do campo progressista democrático (esquerda, né?), precisa ficar disputando votos num suposto “cercadinho”. Pra gente ser cada vez mais gente é preciso, justamente, dialogar com quem ainda não tá ligada pra que lado seguir. Gente que talvez nem nos conheça, nem saiba o tanto que estamos lutando por elas. Que deixou de acreditar na política e que agora precisa de bons motivos pra voltar a participar, ao menos votando.
Nas eleições de 2018, cerca de um terço das pessoas que poderiam ter votado simplesmente não foram às urnas. Indignadas com a política, abriram mão de escolher quem queriam que nos representasse e governasse. Deu no que deu. E é também por isso que eu confio tanto em você.
Vamo que vamo, queridagem,
Ivan Moraes, vereador do Recife
Pêésse: Ah, a galera que tá na organização da minha campanha preparou uma atividade massa para este domingo. É uma atividade a céu aberto, sem aglomeração, com distanciamento social e muito impacto visual. Quer saber do que se trata e até colar junto pra participar? Vem no inbox que eu te conto.